Têm nome suave, folhas verdes rendadas e delicadas, são belas na cor amarela das flores das copas frondosas expostas ao sol. Ladeiam caminhos, bordejam os supés das florestas verdes das montanhas e as margens dos rios, levantam-se breves nas cinzas dos incêndios que consomem as espécies autóctones e favorecem o proliferar de outras. É a mimosa, estrangeira aclimatada ao temperado clima mediterrânico originária da Austrália a expandir-se em Portugal a partir dos finais do século XIX.
Florescem logo no início de fevereiro atingindo rapidamente a plenitude do amarelo vivo da flor, sendo como que as prenunciadoras da primavera florida. O contraste com o verde da paisagem florestal do Minho (a cada ano reduzida e substituída pelo cinzento desértico do relevo natural), concedem-lhe uma visibilidade facilmente intuitiva e atraente, a ponto de poder ser perdoada ou, pelo menos, esquecida a sua condição de espécie invasora.
No último cartel do século passado, a mimosa teve o seu momento de fama em Viana do Castelo. A estrada que sobe sinuosa entre pinheiros e carvalhos até à Basílica de Santa Luzia, Pousada e Citânia, além da vista fabulosa que dali se alcança, ficava congestionada pelas viaturas automóveis com milhares de ocupantes atraídos pela designada "Festa da Mimosa". A adesão de forasteiros ao evento, estando o dia convidativo, apenas era superada nas Festas d'Agonia.
Torre, estrada municipal 13
O evento não teve vida longa face às preocupações da corrente ambientalista vianense que desaprovava a promiscuidade da espécie entre as originais, tida por invasiva, pondo-se fim ao evento nos anos seguintes. Acabou a romaria dos ramos amarelos, mas a mimosa, persistente e resistente, não. Quem, pela A-27 acede pela Meadela à via Entre Santos, depara com as árvores floridas a partir do monte de S. Silvestre e, à direita, no seguimento da A-28 para norte, no começo da mancha florestal da montanha de Santa Luzia e outros mais locais avulsos como o que se encontra na estrada municipal nº 13 -Viana - Ponte de Lima na Torre, ou,na margem esquerda do Lima, frente a Lanheses e em muitos outros recantos arborizados do Alto Minho.
Aos vianenses ambientalistas já a mimosa não lhes tira o sono.
Área de lazer na margem esquerda do Lima
Remígio Costa
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