REGATO DA SILVAREIRA: DO POÇO DA PEDRA BRANCA AO POÇO NEGRO, NO PENEDO DO BUFO.
Onde eu pensava ter encontrado o tesouro escondido na fonte do regato da
Silvareira, estava afinal a contemplar a porta de entrada que teria de transpor
para poder chegar ao local onde era suposto ele estar. Que o sítio nos causa uma sensação de mistério
e nos enche os sentidos de cores, sons e beleza natural, os quais jamais
sentimos ou estão adormecidos no recôndito do nosso ser, é impossível não o
reconhecer. Contudo, a estória do regato da Silvareira tem que ser recontada em
benefício do rigor que lhe confira credibilidade e a ajuste à realidade que o
envolve.
Naquele sentido, diligenciei esclarecer algumas das referências que
constam da mensagem inserida no doLethes, no dia
de ontem, pelo que, antes de voltar ao lugar da Silvareira e poder prosseguir
na exploração do Paraíso escondido, estive em conversa com o atual proprietário
[(mesmo que já tenha, para a posse futura, herdeiro(a) determinado], Manuel
Silvareira, familiar e amigo como também escrevi. A conversa foi alargada
porque, para além dos pormenores que à frente vou referir a compor os erros que
enformam o aludido texto, fiquei a conhecer mais um pouco da estória original
da família Silvareira, a qual, explorada
nas peripécias vividas a partir da bisavó vinda de Vila Franca para fundar o
lugar e a zona dos moinhos, no último cartel do século XIX, posso garantir que seria inspiração única
para um grande romance ou filme de sucesso, que Torga não recusaria subscrever,
apesar da sua aversão ao verde do Minho e “às
pessoas que nunca mataram alguém”!
Há, pois, que retificar algumas designações que estão incorretas, a
primeira das quais respeita à origem da nascente, que acontece na realidade em
resultado de água que vem da Chã da Serra d’Arga e acrescenta volume ao caudal
na fonte da Lameira, mais na época das chuvas como é normal, entre Vilar de
Murteda e São Pedro de Arcos. A cascata e a ternurenta lagoazinha que se forma
no local que designei como Penedo do Bufo é, em verdade, o Poço da Pedra
Branca. O Penedo do Bufo, cerca de uma centena de metros a partir desta a
montante do regato, é o ponto de junção de outro pequeno caudal que corre de
noroeste, enquanto o regato desce de nordeste, sendo o local conhecido como
Poço Negro. É, a partir daqui, que sai a água através de um rego artificial sinuoso
aberto na ladeira da encosta e serve a zona dos antigos moinhos pela lei da
gravidade.
Todo o cenário bravio e sem vestígios de intervenção humana, com exceção
de um pequeno açude no Penedo do Bufo que permite desviar o caudal do rego de
abastecimento, aliás pouco percetível, é de admitir que seja idêntico ao primitivo, de
há muitos séculos, ressalvados os efeitos da erosão natural e a vegetação
invasiva de austrálias fomentada por efeito dos incêndios. A minha exploração
terminou ali, porque, além de não estar preparado para entrar na corrente (não
existem trilhos laterais que permitam seguir pelas margens dado o tipo de
vegetação e o terreno acidentado. Para além do mais, um tanto imprudentemente ou
mesmo não isento de sentido de responsabilidade, andei por lá sozinho fazendo
perigar a minha integridade física, coisa que, fosse eu mais avisado e menos
aventureiro, jamais deveria ter feito. Malgret
tout, voltei incólume, mas, nas mesmas condições, não vou repetir.
Mas, gostar, gostava ...
IMAGENS OBTIDAS NO PENEDO DO BUFO (POÇO NEGRO)
IMAGENS OBTIDAS NO PENEDO DO BUFO (POÇO NEGRO)
RSRS Pelas descrições e pelas fotos deu para perceber que não conheceu nem subiu ao Penedo do Bufo, situa-se a 50 metros para nordeste da represa a que faz referência. Talvez o Senhor Remigio se tenha assustado com a subida ingreme rsrsrs. A melhor época para ficar por lá o dia todo é no verão... ou no inverno quando a abundância da chuva transforma o curso do rio num ruidoso caudal de espuma que mais parece algodão.
ResponderEliminarAbraço
É como diz. Não arrisquei (nem estava preparado) para subir para nordeste contra a corrente e, como não vi outra alternativa, fiquei por ali.
ResponderEliminarNão descarto a possibilidade de lá ir no Inverno, só para ver a força da corrente e ouvir o som da água revolta desfeita em espuma branca a bater entre penedos do seu leito.
Abraço.