Coelho e Portas terão conversado já o bastante para ultrapassar as birras e tropelias em que se vinham envolvendo nos desencontros da coligação que constituíram e deveria assegurar a administração do do país por um período de quatro anos. Por isso, mais logo, pela tardinha para aproveitar alguma brandura na canícula do dia, depois de ter passado por Belém a dar conta do arranjinho efectuado na sua lura com a instalação de portas vaivém mais fáceis de abrir e fechar, estará em directo nas estações da TV e da Rádio a ler mais um comunicado Sua Excelência o Primeiro Ministro de Portugal, e, por que não, Sua Excelência o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros do seu ex-governo, proposto como vice-Primeiro Ministro do governo que se segue, senhor Portas vaivém, a dizer à Nação, à Senhora Merkel, a Mário Dragui, ao senhor Durão e aos agiotas do "pilim" internacional, o recasamento para toda a vida até à próxima zanga, do casal desavindo.
É claro que ninguém vai perder um fim de dia à beira do mar de Caminha a Vila Rela de Santo António, nem da Madeira e dos Açores, para se sentar à frente da TV a ouvir (mais um) desenxabido e estéril arranjo convencional de intenções em que nem S. Pedro lá no céu vai crer, quanto mais o Zé Povinho que de tantas que lhe têm feito já começa a aprender à sua custa (ainda não tanto como no Brasil mas lá estão mais afeitos ao calor...).
O que a mim mais espevita é saber como vão reagir os especialistas comentadores individuais ou integrados em painéis que enxameiam tudo quanto é programa de TV para além das novelas, dos reality show, da Júlia e da Fátima, do Gocha ou da Cristina. É um zaping frenético, extenuante e absorvente, durante horas frente à pantalha, para não perder pitada das sugestões, soluções, atitudes, comportamentos, previsões, adivinhações, cifrões e milhões, que uma multidão de iluminados nos quer fazer crer que, se fossem ouvidos como mereciam, todos os problemas do país estariam resolvidos e os ratos poderiam continuar a viver felizes no barco adornado prestes a ser engolido para a profundeza do oceano. Má sina: se ao menos as imagens que nos chegam tivessem legenda, talvez quem assiste aos debates compreendesse algumas das ideias com que pensam poder salvar o país do caos que ajudaram a criar e a manter.
O que não falta neste país é gente a transbordar de conhecimentos. Mas, em política, então, não parece existir no mundo outro que se nos compare. Porém, é preciso ter em conta que, tal como é característica dos "treinadores de sofá", também eles nunca foram testados nas suas capacidades e avaliação dos resultados das suas previsões.
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