Retenho da Alsácia (de uma reduzida dimensão do seu espaço geográfico) a imagem de um tela colorida de muitas cores, horizontes longos de ondas de verde e de ouro do trigo maduro, do bucolismo das manadas dispersas nas herdades férteis, dos espelhos das águas das represas de rega, das estradas em carrocel negras e lisas, das vilas pequenas onde o antigo persiste em resistir ao novo e, flores, flores nos canteiros das bermas dos caminhos e ruas, nas vasos à entrada das portas ou suspensos das janelas de maisons ou casebres, nos parapeitos de pontes ou sacadas, nos postes de iluminação ou antigos bebedouros, nos campos ou na cidade.
É a região mais linda (e mais rica...) da França, dizem-me.
Mas, este território de história atribulada recheada de episódios bélicos ao longo de séculos tem outros atributos de grande valia que o tornam uma das regiões mais importantes de França. A agricultura é praticada em grande escala, altamente mecanizada e, pelo que é visível, extremamente diversificada.
Visita aos pais da Xaninha.
Nas digressões que tive oportunidade de efectuar não acedi à região demarcada dos vinhos. Todavia, a crer nas descrições de quem bem conhece aquela zona, incluindo os naturais, o cenário dos vinhedos a perder de vista e toda a paisagem onde se desenvolvem é uma raridade impressionante de extrema beleza.
Da conjugação de tão raros quanto inspiradores atributos não surpreende aos forasteiros a exuberância e qualidade dos produtos que ali se lhes oferecem. Variados e doces sabores, aromas agradáveis ao olfato e ao paladar, propiciadores de um ambiente de amizade, partilha e convivência social e familiar.
Algures numa petit village (mais vila que aldeia comparativamente à realidade portuguesa) da região alsaciana, um numeroso grupo de portugueses contribuiu para que, durante alguns dias, tivesse sido quebrada a pacatez habitual do aglomerado a que pertence a família de raiz lanhesense há muito ali radicada. Isso não significa, porém, que a nossa presença tivesse tido qualquer interferência na rotina da vida da população francesa, a qual, aparentemente nem terá dado conta da chegada de estranhos.
O que aos alsacianos da vila não passou indiferente foi a aglomeração de portugueses e franceses junto à Merie, ao princípio da tarde do dia 20 deste mês, onde foi oficializado o casamento civil dos cidadãos franceses Emilie e Arnaud, a noiva de sangue francês e italiano, o noivo com raízes paternas em Lanheses e maternas de alsaciana genuína.
Na Igreja aparentemente desproporcionada para a realidade actual do meio onde se ergue há alguns séculos, os noivos fizeram o juramento católico de fidelidade e amor eternos, e a missa rezada em francês, com a Margarida a quebrar a regra ao fazer uma leitura em português, teve uma plateia porventura ali nunca vista.
Dali até à aprazível e fresca quintinha do Michel e Gisele, um casal íntimo dos pais do noivo, extremamente simpáticos e imensamente prestáveis, a comitiva dos convidados nem teve necessidade de recorrer a transporte. Lá chegados e espalhados pelo amplo espaço relvado sob a sombra das árvores ou das tendas de lona branca levantadas para o efeito, o ambiente caloroso proporcionava as aproximações e os contactos pessoais entre os convivas, sendo o obstáculo da língua coisa irrelevante.
Ao cair da tarde, mudou o cenário mas não a animação. Em dois autocarros e nos automóveis próprios para quem não iria precisar de precaver-se dos rigores da lei impostos na condução, no regresso, a boda prosseguiu até aos alvores da madrugada do dia seguinte, entremeada de animação musical e a degustação da cuidada ementa escolhida.
Apesar do seu teor familiar e, quiçá, interesse privado, o que mais me moveu a redigir estas linhas foi a divulgação de um episódio em que os protagonistas são emigrantes de Lanheses que construíram a sua prosperidade com trabalho, honestidade e competência numa terra que lhes deu oportunidade de ser alguém na vida, e que, apesar do sucesso alcançado, nunca deixaram secar as raízes donde nasceram. Não sendo, felizmente, caso único, é um exemplo de vida paradigmático de muitos portugueses espalhados pelo mundo.
O CASAMENTO NA MERIE
Os pais do noivo e a sobrinha Xana
Messieur le Maire e a sua secretária
Arnaud Remi e Emilie
A avó do noivo.
O ramo.
Pais da noiva e avó do noivo.
A madrinha Margarida.
À saída do Hotel de Ville.
NA IGREJA:
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Saída da Igreja finda a cerimónia religiosa.
Primeira foto de família.
Impossível não reparar...
Retemperando da sede e do calor.
Vai tudo à água!
Frescura
O "ninho" concebido e edificado, inteiramente, pelo noivo e pelo pai, com tecnologia de ponta no interior. É verdade!
O amigo Michel
e a esposa Giselle. Fantásticos!
Genuíno da região da Alsácia. Sabores frutados e leve com uma pena.
A Lua, ali tão próxima.
Língua não é obstáculo para primas se entenderem.
Noite das pisas.
Parlamento europeu. (Não me atrevo a escrever o "outro" nome por que é conhecido...)
"O mundo é uma bola que rebola e a cada volta que dá muda as facies das coisas"
Podem tocar o hino, a bandeira está içada.
Que sempre se renovem as mil flores, os doces sabores e os belos amores da belíssima e apaixonante Alsácia.
NOTA DO AUTOR: ter que escolher fotos entre dezenas delas para reduzir o tamanho do post não foi fácil.
Peço desculpa se não vi as que melhor reflectissem o que pretendi mostrar.
MOMENTO DA NOITE NO SALÃO DA BODA.
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