O Teatro Municipal Sá de Miranda, situado no gaveto da Rua Major Xavier da Costa e dos Bombeiros Municipais, é um edifício com traços neo-clássicos e alguns pormenores de barroco tardio do século XXIX, edificado perto do local onde anteriormente existiu outro pertencente ao Convento Beneditino da Caridade e que esta instituição mandara construir com o fim de angariar receitas para a sustentação da sua actividade.
Este discreto mas muito elegante edifício deve-se à iniciativa de um grupo de vianenses que constituiu em 1879 a Companhia Fomentadora Vianense, tendo sido inaugurado em 1885, visando cumprir objectivos culturais e, à semelhança do que acontecia com o que o antecedera, a obtenção de receitas para idênticos fins.
O projecto original é da autoria de José Geraldo da Silva, contendo a estrutura quatro andares, sendo que três deles se situam acima da plateia onde se encontram as frisas e os camarotes, e um abaixo desta que é a cave. Uma das suas principais características é altura do pé direito das suas várias dependências e a sobriedade elegante dos espaços de convívio, onde também se fazem exposições. Na fachada principal, as janelas originais que existiam lateralmente no primeiro lanço da entrada para iluminar escadas interiores, que entretanto foram demolidas, deram lugar a abertura de portas. A cor actual é de um rosa velho bem condizente com a sua traça e situação
O palco visto da plateia, vendo-se ao fundo o primeiro pano da boca do palco.
O seu interior tem o formato de ferradura sobrepondo-se à plateia três lanços de camarotes e frisas, ao gosto de idênticos teatros italianos da época, dispondo de uma capacidade superior a 300 lugares, predominando a cor vermelha e o dourado. O palco é amplo e o pano de boca, cujo original está preservado e não pode ser enrolado em virtude do tratamento que lhe foi aplicado, continua suspenso nos bastidores até poder ser deslocado para local apropriado. O seu desenho deve-se a Luigi Manini e foi pintado por Hercole Labertini. O tecto, em círculo, de tons suaves, lindíssimo, representa o céu estando nele representadas figuras de nomes de autores clássicos do teatro, foi pintado por João Baptista do Rio. Ao centro, um lustre imponente de razoável dimensão e de grande beleza estética, completa um conjunto de muito agradável efeito.
O pano de boca do palco original da fundação do Sá de Miranda.
Vista parcial de camarotes a partir do local onde se encontra a câmera de projecção.
O Teatro Municipal de Viana do Castelo é propriedade da Câmara desde 1985. Desde essa altura foi submetido a vários e importantes obras de restauração e beneficiou de ampliação sectorial, principalmente em 1993, na qual colaboraram pelo menos dois artistas naturais de Lanheses, como pintores. Mais recentemente, os melhoramentos introduzidos incidiram sobre a área do palco e nos equipamentos essenciais para montar espectáculos das mais diferentes categorias e exigências cénicas. Todos os movimentos de cenários exigidos pelos espectáculos são accionados por computadores, excepto o lustre do tecto que é feito através de manivela manual. No interior, todos os camarins foram renovados e dotados de condições funcionais para os artistas, tendo instaladas câmaras de TV de circuito interno para regular as entradas em palco dos personagens , os quais dispõem ainda de alguns camarins individuais. Foram também instalados complexos instrumentos electrónicos que exigem a atenção de equipa técnica especializada para manutenção e manuseamento. A acústica é muita apreciada pelos actores que ali representam, ainda que uma ligeira subida do estrado tivesse não a tivesse valorizado. Sob o palco, existem dois elevadores que podem ser utilizados se o espectáculo assim o exigir e para substituir os adereços mais pesados dos cenários.
Muitos artistas famosos já actuaram neste estupendo espaço cultural, como a vianense Olga Roriz, a consagrada Senhora do Teatro D. Eunice Muñoz e outros, nacionais ou estrangeiros. Ali podem ser levadas a cabo conferências, concertos musicais clássicos e de bandas modernas, bailados e eventos afins. Foi sede do Teatro do Noroeste, patrocinado pela edilidade e dirigido por Castro Guedes. Durante muitos anos o Teatro Sá de Miranda foi a única sala de cinema da cidade, tendo tido também um espaço para a projecção de filmes ao ar livre. Actualmente, são ali ainda passados filmes em sessões especiais, a última das quais dedicada ao filme "O Cônsul de Bordéus", sobre o drama da perseguição aos judeus verificada na segunda Grande Guerra e da vida heróica de Aristides de Sousa Mendes, o qual teve participação de figurantes vianenses e filmagens em Viana do Castelo, com destaque para as que decorreram no navio Gil Eannes.
Viana do Castelo tem muito mais do que as justamente enaltecidas e referenciadas belezas naturais onde o rio, o mar e a montanha, se aliam aos seus monumentos, costumes e tradições que lhe garantem a primazia entre as mais belas e históricas terras de Portugal.
Meu cario Remigio Costa, nao me digas que nos nao seriamos capazes de levar uma peca de teatro ao Sa de Miranda? Penso que ainda tinhamos "gente" para tal! Nao estas de acordo?
ResponderEliminaranónimo das 17:30
ResponderEliminar"gente" talvez...se aparecer alguém para preencher o lugar (ainda) vago que era do Rogério Agra.
Remígio Costa.
Ja nao aparece mais ninguem como o saudoso Rigerio Agra (Quantos menos ensaios melhor se sai no dia!!!) A minha esperanca continua..um dia contracenaramos juntos..como no passado, que afinal ainda nao esta longe...( Fica ali mesmo ao lado...)
ResponderEliminarUm abraco e Feliz Natal para ti e para todo a Familia do,
Horacio Lima (New York)