Vi, José Pereira, crescer como futebolista desde quando ainda miúdo o via jogar no Largo da Feira, em desafios onde também participavam os irmãos Xico e Henrique, que duravam horas seguidas e se estendiam para além da meia-noite, o que lhes valeu a alcunha dos “Meia-Noite” que o Xico tornou conhecida pela carreira que seguiu como futebolista profissional.
Já como júnior e num período em que estive à frente do UDL, tive ocasião de
o utilizar em jogos da categoria sénior, por lhe reconhecer qualidades bastantes
para ser uma mais valia fundamental para valorizar a equipa principal.
Admirava a sua técnica acima da média, a facilidade e a leveza com que tratava
a bola, o remate espontâneo com ambos os pés e o excepcional jogo de cabeça. No
seu tempo, não vi melhor a este nível. Para quem conheceu e viu jogar Carneiro,
que na década de cinquenta alinhava no SC Vianense, não teria muita relutância
em equipará-lo ao magnífico avançado natural de Darque, na elegância e arte de
bem jogar futebol.
Depois de terminada a carreira como jogador (v.g. o currículo abaixo inserido), José Pereira de Castro, o Zé
Pereira, estabilizada a sua actividade particular e familiar, assumiu
novas funções no clube onde se fez futebolista, tendo assumido há cinco anos o
cargo de Presidente da Direcção do União Desportiva de Lanheses (UDL), período
durante o qual tem vindo a desenvolver um trabalho de muito mérito sob todos os
aspectos inerentes a estas agremiações do desporto.
Acedeu dar-me uma entrevista onde fala abertamente deste lustro que já leva
à frente dos destinos do UDL, onde se demonstra todo o empenho, competência e
amor clubista que dedica ao UDL, mas, também, à nossa freguesia.
P.-Zé
Pereira, queres dizer-nos quais as prioridades que tomaste quando assumiste a
presidência do UDL?
ZP-Nos primeiros anos não me foi
possível proceder a grandes alterações pelo que, para além de ajustamentos pontuais
e conhecimento da realidade do clube, procurei melhorar o plantel principal e dar-lhe
outras condições para competição. Neste 5º ano à frente do UDL comecei por
reorganizar a equipa sénior e os vários escalões da formação, criando as escolas (9 aos 11), infantis, iniciados,
juvenis e júniores, a que se devem adicionar as escolas dos 6 aos 8 anos.
P.-Arrumada
a questão do futebol quais as decisões que mais ansiavas concretizar?
ZP.-Em primeiro lugar decidi que
a primeira prioridade seria a regularização dos terrenos onde está o estádio,
procurando que eles passassem para a posse do clube. Era uma situação nada
edificante para a dignidade do clube a ocupação do terreno, sem dar qualquer
contrapartida aos seus legítimos donos. A maior parcela era pertença da família
dos Araújos, com cerca de 6300 m2, e nunca anteriormente este problema tinha
sido encarado para se chegar a um entendimento com os legais proprietários.
Foram realizadas várias reuniões entre as partes, tendo-se obtido um
entendimento que satisfez ambas as posições e que, resumidamente, foi, grosso modo, o seguinte: sendo o UDL o
usufrutuário do terreno tem direito a ocupá-lo sem limite de tempo; no caso de
vir a ser vendido, a família Araújo terá direito a uma percentagem do total
da venda. É um acordo que só foi possível pela disponibilidade e compreensão
dos herdeiros do terreno, designadamente dos sete irmãos com direitos de
sucessão, pelo que merecem os nossos agradecimentos. Para a assinatura do
acordo foi também decisivo o empenho do dr. José Carlos Bastos na intervenção
jurídica e do seccionista Hélio Franco, tendo-se deste modo concluído o imbróglio
com mais de sessenta anos de existência.
P.-Encerrado
o caso dos terrenos, a tua atenção voltou-se para onde?
ZP.-Tinha outra ambição ainda
maior que era a construção de um novo estádio e, encerrado o problema
dos terrenos, ansiávamos criar condições aceitáveis para as nossas
aspirações e nesse sentido abordámos a Câma Municipal do nosso concelho para a
sensibilizar e obter a comparticipação necessária.
P.-E
a Câmara Municipal, como reagiu?
ZP.-A proposta foi considerada viável e a
edilidade deu-nos luz verde para estudar a localização para se construir um
complexo de raiz, mas o assunto não andava com a celeridade que nós
desejávamos. A situação da crise económica que atingiu o país tornava tudo mais
difícil e os responsáveis não estavam à vontade para assumir novas decisões que
implicassem gastos avultados. Foi então que, em alternativa, propusemos um
plano de requalificação das actuais instalações que incluíssem a implantação de
um relvado. Após sucessivas reuniões com a edilidade, muito difíceis, acabámos
por ver o nosso objectivo satisfeito com o sim ao financiamento por parte
da Câmara, tendo por nosso lado conseguido obter a participação nos encargos no
montante de 130 000 euros com recurso a um empréstimo de um lanhesence que
desejou preservar o anonimato.
P.-Qual
era o encargo a assumir pela tua Direcção?
ZP.-O custo total da obra, nesta primeira
fase, era de 330 000 euros., encargo assumido pela encargo da Câmara Municipal
a satisfazer em tranches mensais no
período de três anos.
P.-Que
diligências foram necessárias para encontrar terreno disponível?
ZP.-Para a proposta da construção
de raiz de um novo complexo estava prevista a escolha junto à Zona Industrial
de Lanheses, aliás contemplado no PDM, tendo eu contactado e mesmo a negociado com
a maior parte dos donos dos terrenos os quais foram muito receptivos, adoptando
uma atitude de muita compreensão, não levantando obstáculos intransponíveis..
Foi, também, aventada a escolha de terrenos situados a norte da Escola
Secundária e a sul do actual campo, tendo sido encetadas conversações com
alguns proprietários no sentido da sua cedência; porém, entretanto, surgiu uma
alternativa que nos pareceu a melhor de todas por ser mais ampla e melhor
situada que era a quinta do sr. António das Barreiras, hipótese que foi muito
bem acolhida pela Câmara Municipal e Junta de Freguesia e, a nós encantava.
P.-Como
e quando foi decidida a requalificação do actual estádio?
ZP-Depois de muitas atribulações e
canseiras, aconteceu no dia 8 de Agosto do último ano, quando recebi um
telefonema do sr. Vereador Víctor Lemos, da Câmara Municipal, dizendo-me que se
estivesse naquele momento em pé para me sentar, pois o que tinha para me dizer
era "muito importante", brincou comigo. Pensei para mim que estava tudo acabado
e, algo decepcionado, sentei-me mesmo. Foi então que ele me deu a notícia de
que o sr. Presidente José Maria Costa
lhe ordenara para preparar o protocolo para ser assinado pelas partes com vista
ao início urgente das obras, o que me deixou radiante e compensado pelos
esforços que eu e a minha direcção fizemos para ver o projecto deferido. No dia
15 de Agosto de 2011, num acto para todos memorável, que decorreu ao ar livre
no Largo Capitão Gaspar de Castro e na presença de muitas pessoas, foi assinado
o acordo. Até a chuva se quis associar.
P.-Sem local para a actividade desportiva como foi possível manter todos
os escalões em acção?
ZP:-Com o começo das obras
surgiram as dificuldades para manter em actividade toda a estrutura do futebol
em todas os escalões, e organizar toda a logística necessária para realizar
treinos e jogos noutros campos cedidos. Durante três meses andamos "com a casa às costas", para
Deocriste, Bertiandos e Nogueira, utilizando graciosamente as respectivas
instalações destes clubes; quero deixar aqui um sentido agradecimento aos dirigentes
destas dignas associações desportivas pela disponibilidade que nos concederam,
e que jamais esqueceremos. Foram três meses muito difíceis, de enorme desgaste,
trabalho e sofrimento, que foi felizmente compensado pela alegria do dia 12 de
Dezembro de 2011, quando foi realizado o primeiro ensaio sobre o relvado entre
os veteranos do UDL e o Deocriste, por sinal debaixo de muita chuva mas que, para
satisfação de todos os intervenientes, nem uma pinga ficava em cima da relva.
P.-Quanto
custou o tapete verde?
ZP.-A relva sintética aplicada é
da última geração e teve um custo acima de 20 000€ , tendo todos os que a
experimentaram garantido que é excelente.
P.-Qual é sensação que sentes depois de tudo o que fez esta direcção?
ZP.-Enfim, é uma satisfação muito
grande ver todo o nosso esforço concluído com êxito, sendo um gosto enorme
apreciar agora a bela obra realizada, para orgulho pessoal e da minha direcção
e dos sócios e simpatizantes do UDL e dos lanhesences em geral, e que tem
merecido da parte de quem nos visita os maiores elogios, justificando
inteiramente a magnífica festa que aqui decorreu na inauguração.
P-
Com este relvado no teu tempo…?
ZP.-Até
dá vontade de voltar a calçar as chuteiras.A partir de agora dispomos das
melhores condições, ao nosso nível, para oferecer aos nossos atletas com os
proveitos que já se notam ao nível das exibições e resultados que a equipa
sénior fez na segunda parte da Liga de Honra, terminado a prova num
honrosíssimo 5º lugar na classificação deste ano, mantendo a invencibilidade no
nosso estádio desde que joga sobre o esplêndido tapete verde e praticando um
futebol agradável e vitorioso.
P-.E,
agora, o que se segue em termos de novas iniciativas?
ZP:-Para o futuro: reorganizar
definitivamente o clube na parte administrativa e desportiva dotando-a de um responsável
que tenha a seu cargo tarefas que agora recaiem directamente sobre a direcção,
cujos elementos exercem as suas actividades próprias e não dispõem de tempo
suficiente para gerir os seus interesses particulares, sacrificando-os muitas
das vezes em benefício dos interesses do clube. Há já um responsável pela manutenção
do estádio e da rouparia. Preocupámo-nos em criar estruturas de sustentabilidade
para garantir o futuro do UDL, para que os lanhesences se sintam orgulhosos do
seu clube desportivo.
P.-Concretamente,
o que vai agora ser feito prioritariamente?
ZP-É nosso propósito
prosseguirmos com a execução integral de todo o projecto, estando prevista uma
segunda fase que contempla a criação de sede própria onde possam ser
devidamente expostos os numerosos troféus até agora ganhos pelo UDL e,
naturalmente, que disponha de espaço para reuniões da direcção. Far-se-à, ainda,
a cobertura da bancada, a criação de um BAR e instalações sanitárias, gabinetes
médicos, balneários, cadeiras na bancada central e peão, bem como novas redes
de vedação à volta do espaço do estádio.
P.-Em
que espaço de tempo pensas possa ser concretizado todo o vosso plano?
ZP.-Temos ainda um ano de mandato
a cumprir e gostaríamos de encontrar alguém que se disponibiliza-se para
assegurar a execução deste ambicioso projecto, que tem vindo a concretizar-se
com muita paixão e carinho. A bem deste pequeno clube, mas grande na alma e no
querer, que queremos seja o União Desportiva de Lanheses.
P.-O
estádio vai manter o nome actual?
ZP-Tenho conhecimento de que há
sócios e simpatizantes que gostariam de atribuir ao nosso estádio uma designação
que se identificasse com uma figura que tenha dedicado relevantes serviços ao
clube. Não serão muitos, mas existem individualidades que já não estão connosco
que muito deram ao União Desportiva de Lanheses. É um assunto que a Direcção
apoiará, mas dependerá só e sempre da vontade da maioria dos associados.
P.-Como
gostarias de terminar esta entrevista?
ZP.-Gostaria de enaltecer o
trabalho daqueles que me acompanham nesta canseirosa mas aliciante tarefa e a
quem muito agradeço pela enorme dedicação e empenho com que o fazem. São eles,
Xico Banana, Zé Manel, Zé Carlos Paço, Artur Gomes, Henrique Meia-Noite,
António Costa, Francisco Franco, Remígio Brito, Agostinho Lopes, António
Teixeira, Hélio Franco, Jorginho (electricista), António Bacela, Albino Costa,
Dinis, João Catrina, Jardel, Nelo, Abílio Bacela, José Luís Coutinho, Álvaro
Baptista (Peligrine), Luís Pistolo, Moisés, Luís Campela, João Souto, Miguel
Amorim, Luís Franco, Filipe Costa, e outros de que porventura neste momento o
nome não me ocorre e a quem peço desculpa por isso.
Um palavra de grande apreço a todos
pelo grande trabalho que realizam ou realizaram.
António Oliveira "Toninho", um apaixonado e dedicado dirigente do UD Lanheses.
António Oliveira "Toninho", um apaixonado e dedicado dirigente do UD Lanheses.
CURRICULO DO PRESIDENTE, JOSÉ PEREIRA
DE CASTRO.
Nome por que é
tratado: Zé Pereira.
Data de nascimento:
12.05.1961 (50 anos). Casado, com 3 filhos.
CARREIRA DESPORTIVA. Como atleta:
35 anos como
jogador do UDL.
l ano
no Neves FC.
1
" na A. D. "Os Limianos".
Cerca de 1500 jogos
realizados com a camisola do UDL, 350 golos marcados.
1 Subida de divisão
ao Nacional de Júniores
2 Vezes campeão
Distrital pelo UDL.
1 Taça da AFVC,
pelo UDL.
1 Taça de Honra.
1 Taça Disciplina.
3 Taças da AFVC
(finalista).
3 Vezes campeão
pelos Veteranos.
Vencedor do Troféu "PAPELARIA SATÉLITE",
atribuída ao jogador mais pontuado nos jogos respeitantes à época de 88/89.
8 Épocas na 3ª
Divisão Nacional.
COMO TREINADOR:
2 anos na categoria
de sénior do UDL.
3 anos
"
" " iniciados
do UDL.
2 anos
"
" " juvenis do
UDL.
COMO DIRECTOR:
5 Anos como
director das camadas jovens
5
"
Presidente.
Texto e fotos:
Remígio Costa.
2012/Maio.
muito bem dar a saber o trageto feito por essa geraçao de jovems diregentes de lanhezes pois com gente assim vaisse continuar a andar para a frente david pereira
ResponderEliminarQuem está fora é que nota as diferenças!... Parabéns Zé Pereira e restante equipa!
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