Uma das primeiras fotos obtidas no campo dos Cutarelos. Em pé, à esquerda, Francisco Dias de Carvalho, presidente da Casa do Povo e Manuel Dantas Rio, fundador, atleta e treinador Não consigo identificar alguns. Mal me reconheço a mim próprio, vestido à civil e com uma bandeirinha de liner do lado esquerdo da imagem, dezasseis aninhos.
(6) FIGURAS E FACTOS DA HISTÓRIA DO
FUTEBOL LANHESENSE
1.1. À
PROCURA DE ESPAÇO PARA O CAMPO DE FUTEBOL DO G.D.C.P.L.
À data da integração do futebol sob
a tutela da Casa do Povo, não existia um espaço na freguesia de Lanheses com
condições mínimas para a realização de treinos e jogos de futebol. Enquanto
decorriam diligências para encontrar um espaço com as condições necessárias à
criação de um campo de jogos próprio, a equipa experimentou realizar alguns
treinos e encontros particulares no sítio de Salvaterra, no Lugar da Taboneira,
na área da atual Zona Empresarial, fez preparação no amplo logradouro da
residência do presidente da Casa do Povo, Dias de Carvalho, no Lugar do Outeiro,
tendo passado ainda por um espaço irregular num monte da freguesia próxima de
Meixedo.
Naquele período, a participação em
jogos particulares com equipas já estruturadas, havendo ou não taça em disputa,
eram realizados no Campo do Cruzeiro, em Ponte de Lima, por acordo firmado com
a AD “Os Limianos”.
Em ofício de 23 de janeiro de 1945
enviado ao Delegado do Instituto Nacional do Trabalho e Providência, onde a
direção da Casa do Povo propõe uma localização para a criação de um espaço destinado à
atividade desportiva, a proposta não mereceu despacho favorável não estando
identificados os pressupostos da rejeição.
Da esquerda, em pé: João Rios (massagista), Abel, Neu do Augusto, João Rocha (Lambranca), g.r., Bacela, Artur Vale, Firmino, República. Em baixo: Zé Dantas, Rogério Agra, Remígio Costa, Domingos Gomes, Fernandinho e Rogério Dantas.
1.2. FINALMENTE, O CAMPO DE JOGOS NO
SÍTIO DOS CUTARELOS.
Consta do livro de atas exarada em 31 de agosto de 1951, que
“Foi
resolvido adquirir por arrendamento, um campo para a prática do futebol do
grupo desta casa do povo, dando ensejo a levantar o moral do respectivo grupo
que se encontra sem campo e, como é óbvio, em franca decadência. A renda será
satisfeita por verba angariada por meio de donativos entre os associados e pelo
produto da actividade desportiva do referido grupo, visto este organismos não
se encontrar presentemente em desafogo monetário para assumir o encargo.”
(sic)
Assinaram a ata o presidente da Casa do
Povo, Francisco Dias de Carvalho, o secretário, Joaquim Vacondeus Palma
Marinho, e o tesoureiro, Manuel da Silva Barros.
No dia 23 de março de 1952, deu entrada na
Câmara Municipal de Viana do Castelo, um requerimento, com vista a obter a
indispensável licença para se proceder “às terraplanagens de um terreno de mato
situado junto à estrada municipal que liga o lugar da Taboneira com o lugar da
Igreja, terreno que se destina ao campo de jogos.” (sic).
A área a desmatar e a terraplanar porque o
local era desnivelado a partir do centro para baixo no lado sul, abrangia três
propriedades com donos diferentes: António do Souto, que o viria a vender à
Casa do Povo, José Maria Alves Afonso de
Araújo e esposa Rosália Franco de Castro, que permitiram a utilização sem
pagamento de renda até acordo firmado em 2012, e Francisco Araújo de Sousa, da família da Casa dos Araújos, que
mais tarde acedeu em vendê-lo ao Clube na presidência de José António
Fernandes, figura com obra relevante no crescimento do futebol em Lanheses.
A execução dos trabalhos de terraplanagem
foram entregues a Manuel Pereira da Cunha Araújo, natural de Lanheses, Manuel Saraiva, no tratamento comum, tendo
neles participado, pontualmente, alguns voluntários com vista a acelerar a
conclusão da obra, a qual ficou com condições mínimas de utilização no dia 1 de
junho de 1952, dia em que ali se realizou um jogo de futebol entre atletas velhos e novos (*), sendo ao local dado o
pomposo nome de Parque de Jogos da Casa do Povo de Lanheses, de que serão dados
pormenores no seguimento destes apontamentos.
Em pé, a partir da esquerda: Lambranca (João Rocha), g.r., Elias Castro, Bacela, Viga, Chico da Rua, Ramiro Vale, Delmiro Costa, Neu do Augusto, Rogério Agra, Fernandinho, Domingos Gomes, Arouca (Janota) e Rogério Dantas.
1.3. CUSTO DA OBRA E ANGARARIAÇÃO DE
FUNDOS.
Os primeiros números registados referentes
aos encargos das obras no montante de 127$50, têm a data de 16 de fevereiro de
1952. E, em 16 de abril seguinte, com vista à liquidação do débito ao
empreiteiro da construção do campo, foi levantada no Banco Nacional Ultramarino
a quantia de 5.000$00, empréstimo concedido através de uma letra caucionada
pelo presidente da Casa do Povo, Francisco Dias de Carvalho, valor acrescido
com 1.000$00 concedido pela mesma entidade em 11 de maio, a título de subsídio.
O custo total dos trabalhos
importou em 11.244$60, assim discriminado:
- Despesas de construção – 5.899$30
-
- Pagamento a Manuel Saraiva – 5.165$30
- Pagamento a Manuel Garcia Castro
– 180$00
Nos registos do “livro caixa” do arquivo da Casa do Povo constam os valores obtidos
naquela que terá sido a primeira iniciativa com vista à angariação de fundos,
um espetáculo de teatro que decorreu em 21 de outubro de 1951, com os
resultados seguintes:
-Receita da venda de ingressos – 870$00
-Despesa (manteiga, vinho fino
e…) (sic) – 134$50
-Saldo positivo – 733$50
Incluída nas ações levadas a cabo para a
angariar receitas para ajudar a custear as obras, consta ainda a realização de
um jogo de futebol realizado nas Neves no dia 30 de dezembro do mesmo ano,
podendo ter sido esta a primeira apresentação da equipa de Lanheses com a
denominação de Grupo Desportivo da Casa do Povo de Lanheses (GDCPL). O jogo
rendeu a quantia de 330$00 e teve a despesa de 300$00.
1.4.- PRINCIPAIS CARATERÍSTICAS DO
CAMPO DE JOGOS
-Direcionamento: N/S
-Balizas: travessas em madeira com
arestas vivas
-Vedação para o público: varas em
madeira
-Balneário: barraca construída em
madeira situada no lado poente com um bidão no cimo para água de banho enchido
ao balde.
- No tempo mais quente, a maioria dos jogadores fazia uma corrida no fim do treino ou jogo para ir ao rio Lima lavar-se.
No topo sul não havia muro de
sustentação do terreno deslocado que formava um acentuado declive até à estrada
que passa junto. Como a terraplanagem não tinha ficado devidamente compactada e
nivelada, metade do espaço destinado ao jogo acabou em plano, visível a olho nu,
abaixo da metade da parte norte. Ficou assim muitos anos até à primeira
intervenção de fundo para dotação de um piso com condições de drenagem e
perfeitamente nivelado, patrocinado pela Câmara Municipal, o qual deu por finda
uma ideia generalizada dos assistentes em apoiantes do Grupo da Casa do Povo,
de que a equipa da casa, a jogar “para
baixo”, o fazia melhor atacando mais e fazendo mais golos, o que, não raras
vezes, a maior eficácia confirmava a vantagem de jogar contra a baliza do sul.
Nesta fotografia estará a inauguração do recinto de jogo.
(Fonte: apontamentos colhidos por Rogério
Dantas Rio, antigo atleta e dirigente ativo do futebol lanhesense ).
(*) -Tenho uma história ocorrida no jogo para contar no momento apropriado)
Remígio Costa,
sócio n.º 4 do UD Lanheses
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