Por exclusiva responsabilidade dos políticos, tem vindo a acentuar-se gradativamente o alheamento dos cidadãos do cumprimento do ato cívico e moral de votar e a abdicar do direito de confiar o governo da Nação que somos há quase um milénio àqueles que entender livremente atribuir a sua confiança . Este comportamento não favorece a democracia nem o país porque abre caminho aos lugares superiores da hierarquia do Estado a pessoas desqualificadas ou capturadas a interesses privados com reflexos diretos na vida de todos.
O mais importante cargo inscrito na Constituição da República Portuguesa é o de Chefe de Estado. Mas a verdade dos fatos demonstra que o mais alto magistrado da Nação tem vindo a ser considerado ao longo dos seus mandatos uma figura mais emblemática do que interventiva e, ao nível da relevância dos poderes constitucionais conferidos ao lugar, tem sido comparado depreciativamente a Sua Majestade a Rainha da Inglaterra. Fomentar a desvalorização das figuras públicas em favor dos interesses das fações partidárias ou interesses económicos obscuros não aproveita à dignificação da democracia nem à confiança de quem os elege.
São dez os concorrentes à cadeira de Belém que vão a sufrágio no dia 24 deste mês entre os quais apenas duas são femininas. Duas cidadãs contra oito homens ao gosto do professor Pedro Arroja...
Mesmo para aqueles que se querem manter alheados por opção ou, porque, já esclarecidos e mesmo fartos, julgam desnecessário dar-lhe maior atenção, é quase impossível apesar disso alguém furtar-se ao "ruído" ensurdecedor das campanhas promovidas pelas respetivas candidaturas, aliás iniciada há já muitos meses atrás em tudo quanto são meios de informação. Uns mais conhecidos do que outros, todos usando métodos e meios mais ou menos criativos num esforço desmesurado para entrarem no cantinho da fama.
Cândido Ferreira é médico de profissão, pelo que divulgou estar preocupado com os mais carecidos, mas é também autor de livros como é frequente nos seus pares; já experimentou a política mas não se deu bem e vai à luta sem apoios de vulto.
Edgar Silva terá cumprido numa paróquia da Madeira um sacerdócio de proximidade com muito sucesso, mas quiçá cansado de esperar pelo funeral do ditador Alberto João, guardou o cabeção e a estola no baú das coisas sem uso e veio pregar para o "contenente" ao lado dos "Jerónimos", lá para a outra banda do mar da palha.
Henrique Neto, já entradote na idade mas muito bem tratado, usa-a com charme e ar de estadista independente, estilo industrial safe made man. Com o apoio da máquina dos ex-camaradas que lha negaram, talvez pudesse chegar lá.
Jorge Sequeira, diz coisas sérias a brincar com as palavras. É psicólogo e esta espécie anda sempre à procura da novidade e de segredos. Cautela com eles, leem no ritos de face e na "menina dos olhos" vão diretos ao coração buscar os segredos. Diverte-se e diverte quem o ouve, porque é otimista e tem ar de desprendido de interesses particulares. Trabalha por conta própria que pressupõe força de iniciativa.
O professor Marcelo Rebelo de Sousa é catedrático na vida académica e, nas pantalhas das tv, está a caminho de ser catalogado como relíquia de museu; ele, na política e, Luís Freitas Lobo nos comentários desportivos, têm a mesma virtude de falar tanto que não haverá em quem tenha a pachorra de os ouvir; muito sorte será encontrar um único dos seus pacientes admiradores que se recorde no fim de uma palavra do que disseram. É uma vantagem para eles porque podem sempre desdizer o que afirmaram sem que possam ser acusados de se terem equivocado ou de terem mentido.
Ai, a drª Maria de Belém, é uma ternura em porcelana fina! Uma libelinha pousada numa folhinha perto de uma cascata a ser embalada pela suave aragem de uma fresca manhã de primavera , uma tulipa amarela num ramo de flores da mesma cor! Pelo-me para que vença só para ter o deleite de a ver uma vez que seja num dez de Junho a condecorar o ereto e esfíngico doutor Cavaco Silva em cima de um banquinho ou, a procurar o pescoço do seu amigo Ferro Rodrigues para lhe impor o colar da Torre e Espada. Mas cuidado com o geniozinho das fadas irritadas que pode usar a todo o momento pois traz sempre as unhas afiadas prontas para apanhar a vítima desprevenida . Que o diga Marcelo...
Marisa Matias, de voz melíflua e discurso ambíguo, tem a astúcia feminina na meiguice do olhar de derreter corações como velas de cera. E o cérebro criativo dos professores sempre a imaginar cenários de mudança e gastos sem controle.
Paulo Morais beneficia da minha simpatia bairrista, sendo natural de Viana do Castelo e estudante do Colégio do Minho, dirigido pelo agora bispo jubilado José Pedreira. Teve excelente mestre, sem dúvida, e interiorizou o sentido da honestidade e do aprumo que é apanágio do prestigiado colégio vianense. Estou a ver a sua secretária de professor catedrático a luzir de limpa, com um exemplar da Constituição da República em cima e uma folha de vinte e cinco linhas para denunciar mais uma tramóia dos representantes dos escritórios de advogados no parlamento ou mais uma manigância de empresa público-privada. Como Emmanuel Kant, a sair de casa sempre no mesmo itinerário para a Universidade às oito em ponto da manhã e, por onde passa, todos acertam os relógios para terem a certeza de que vão conseguir uma senha para uma consulta no centro de saúde da área.
Se num qualquer planeta da nossa galáxia vida houvesse, eu acreditaria que
António Sampaio da Nóvoa era extra terrestre. Mas não há mistério no surgimento deste candidato à presidência pois é português (claro!) nascido na raiana Valença, minhoto de gema sendo assim e, pelo que agora já é público, tem uma folha curricular de mérito a ensinar na Universidade da capital. Todos os seus colegas e alunos o podem confirmar. Homem de conhecimento e com conhecimentos de elites, portanto. Pelas adesões tornadas públicas, o seu percurso profissional e social insere-se no meio académico e da classe centralista da Corte lisboeta incluindo os salões do Estoril e a enseada de Cascais. Conta com o apoio de figuras políticas eminentes de um passado recente, o que não é despiciendo, bem pelo contrário e, tem garantido o apoio de primeiro ministro António Costa, novo mon ami. Dispõe agora de tempo e da disponibilidade que antes lhe faltou para conhecer o Portugal autêntico e apresta-se para identificar-se com o povo donde veio levado como um Santo Antoninho num andor em procissão. E, olhem que a analogia não é assim tão exagerada se o pensarem reproduzido numa figura de Bordalo moldado em barro pelas mãos da artista Rosa Ramalho. Naquele olho redondinho e generoso, na postura aprumada de tala nas costas e no ar caridoso capaz de comover o coração mais empedernido, só mesmo a barba branca não condiz com a do santinho lisboeta agraciado com o dom da ubiquidade, lembrado a cada treze de Junho na cidade que se estende no estuário do Tejo entre o Parque das Nações e a Boca do Inferno. E, por último, lust but not least, o protótipo em carne e osso do português simplório, aventureiro, descomplexado e corajoso Vitorino Silva, o Tino de Rans.
Possui experiência de vida que nenhum outro candidato experimentou porque faz parte de uma ninhada de oito irmãos que os seus progenitores geraram -sete rapazes e uma rapariga- que todos ajudaram a que obtivesse diploma para ensinar. Comeu do "pão que o diabo amassou" e, se melhor argumentos não possuísse, este sobrava para merecer a simpatia dos milhões de compatriotas seus que viveram (vivem) idênticos martírios.
Se por um lado todos os pretendentes ao remansoso e confortável palácio de Belém procuram passar a imagem de que são candidatos sem apoios e se afirmam capazes de unir todas as portuguesas e portugueses em paz, liberdade e consenso se foram escolhido, por outro as pessoas interrogam-se donde vem então o dinheiro para os ofensivos gastos da campanha. Do BPN, BPP BES ou BANIF não é com certeza porque estes ficaram de cofres mais lisos do que os bolsos dos contribuintes que pagaram ou vão pagar a fatura. E, se prometem o diálogo e o apaziguamento da sociedade portuguesa como juram fazer quando são questionados nas entrevistas individuais, as pessoas abismam-se do que ouvem quando presenciam ao vivo nos "frente a frente" em estúdio das televisões as cenas agressivas a roçar a peixeirada que entre eles protagonizam.
Pela ciência que advém da vivência e informação quotidianas, não parece arriscado dizer que Portugal é, ainda, maioritariamente católico romano. Continua em vigor a Concordata entre os dois estados. É conhecida a posição de qualquer dos candidatos relativamente a esta questão?
Disse que há dez opções de voto de acordo com os candidatos a sufrágio. Não, há mais...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
SÁBADO DE FEIRAS: DE MANHÃ A QUINZENAL, TODO O DIA A ARTESANAL.
Aí está! No quarto domingo do mês de novembro, LANHESES com Feira de Usados e Artesanal, no Largo Capitão Gaspar de Cast...
-
CARTAZ Numa sessão que decorreu na Salão Paroqu...
-
A noite já caíra sobre o Parque Verde quando ainda não estava cumprido o programa da festa iniciado pel...
-
RAMALHINHO - Letra do reportório de dança do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Lanheses, Viana do Castelo: Eu cortei o ra...
Sem qualquer dúvida...Sampaio da Nóvoa.
ResponderEliminarPara quem o quer ouvir mais de perto, está sábado, dia 16 de janeiro, pelas 19h30, no auditório Dr. Lima de Carvalho (junto aos Serviços Centrais do IPVC)em Viana do Castelo. Vale a pena conhecer este GRANDE SENHOR!