MEU
IRMÃO
Meu irmão,
Sinto a falta de não estares comigo.
Vivo a solidão
Sem abrigo amigo
De não ter no chão que piso
Ao lado das minhas, pegadas tuas,
Nuas,
Nos trilhos dos anos juntos percorridos
Dos espinhosos carreiros e das incertas ruas
Unidos nas aventuras
Onde o sangue escorria nos joelhos feridos.
Guardo de ti a expectante ausência
Da aventura na África atribulada
(Da farda usada)
(Da farda usada)
De morte e violência.
Do amor à primeira vista
Depois da chegada,
Do êxito da conquista
Da mulher para sempre amada.
Vi-te, emigrante
Pela França, errante,
Fazendo da estrada
E do volante
a ferramenta de trabalho duro,
Extenuante e inseguro.
Sempre perseverante na vida e confiante.
Um filho e neta foram o futuro
Prémio por demais aliciante
Que laivou de azul o céu da tua vida
Curta de mais para tamanhos anseios.
Foi o viver tudo num momento
Amores
intensos e verdadeiros
Brilhantes como estrelas no firmamento.
Parou exangue naquela manhã o coração,
bom e
grande, do meu irmão.
Lembro-te irmão, na solidão, a cada instante
Porque dentro de mim ainda existes.
Contigo reparto o que nesta vida é relevante
(O Porto é glorioso cresce e avança)
Alegrias esfuziantes e momentos tristes.
Remígio Costa
2015.07.19
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