OS PITEIREIROS DA VELHA PRAÇA.
São velhos, são trapos, são farrapos,
A abafar desilusões e a iludir cansaços
Da vida amargurada que não escolheram.
Moem, cismáticos, as cinzas dos cigarros apagados
Ao canto da boca colados, acastanhados,
Molhados com a espuma branca da cerveja
E pelos quarenta e três graus do vínico bagaço
A deslizar pela garganta sempre seca
com a
macieza do fogo brando de brasa acesa
Que dá calor e engana o cansaço.
São os piteireiros da velha praça
A moer tempo que por eles passa
Desprendidos do mundo e do venir;
Não lamentam as amarguras vividas
Já não choram nem querem sorrir.
Esperam, assim, cerrar as portas ao passado
E não ter nenhuma outra para abrir.
Remígio Costa,
2014.09.30
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