sábado, 4 de maio de 2024

ONTEM E HOJE DA FESTA EM HONRA DE SANTO ANTÃO

        

       

                                                  2024
         Há uma diferença irreparável entre o que foi e agora não é na essência da festa em honra de Santo Antão corporizada na benção dos animais domésticos. Escasseiam as espécies e são já raros ou quiçá mesmo inexistentes aqueles que os lavradores deles careciam para os serviços da lavoura e produção de leite, reprodução e venda para consumo. A lavoura é agora mecanizada dispensando o recurso a animais bovinos e equinos, principalmente, e as pessoas que dela dependiam, beneficiando do progresso da sociedade decorrente do surto emigratório a partir dos anos cinquenta, que enveredaram pela habilitação académica, empregos administrativos ou fabris, empreendedorismo e ofícios selecionados e, necessariamente a emigração para várias partes do mundo. E a vida das famílias da freguesia deu uma volta de 360º graus.

       Sem animais, a benção do orago Santo Antão e a preleção do orador sacro no decorrer da cerimónia religiosa, apenas alcança atualmente os racionais que aderem à festividade. 

       Até meados do século passado a participação nos festejos dos animais e dos seus tratadores constituía a verdadeira razão da homenagem ao admirado Santo e o genuíno folclore que lhe dava cor, alegria e o cumprimento da missão que a festa carecia. De todos os lugares da freguesia e de outros pontos da periferia, desfilavam a caminho de Santo Antão, em grupos ou isolados conduzidos à soga pelos donos ou tratadores, vestidas a preceito as moças, os animais enfeitados, escovados e com as hastes a brilharem do azeite untado, entoando canções do folclore regional ao som das concertinas dos tocadores fardados a preceito. Preenchiam o alargado recinto depois das voltas obrigatórias à capela do Orago, aguardando a palavra do sacerdote e a correspondente benção que finalizava o ato retirando-se para regresso à origem com a alegria da missão cumprida. 

        A festa continuava em cumprimento do programa com o concerto da banda de música no coreto montado debaixo de um árvore rente à estrada (ainda lá está) e do começo do recinto, onde também decorria a arrematação dos cestos das mordomas com as oferendas variadas, nomeadamente, as comestíveis e as bebidas, que os arrematantes (felizes por serem os licitadores na disputa renhida com um irritante adversário...), sendo ali consumidos a seguir em convívio com a namorada, pessoa da família e demais amigos.

       Ia a noite alta e o fogo de artifício dava por concluída  a festa em Honra de Santo Antão Abade, e um mordomo da festa a quem era dado um foguete, acompanhava, chieirento,  de volta a casa,  a namorada onde o foguete subia ao ar a dar por finda a festa.

      Remígio Costa


fotos: Remígio Costa


      

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