Descíamos a encosta nascente do Lugar do Outeiro e
logo entrávamos em Fontão pela pequena ponte romana sobre o regato que
ali corre, para chegar ao Arquinho. O espaço não era muito alongado nem
de todo alisado, tinha algumas lombas, mas estava coberto com erva
tornando as quedas e os tropeções menos férteis em arranhões e unhas
arrancadas dos dedos dos pés como era corrente acontecer em jogos em
terra batida ou espaços empedrados. Éramos grupos de vinte, às vezes
trinta ou mais rapazes em idade escolar, e em tempo de férias grandes ou
dias livres da frequência fazíamos do espaço o nosso campo de jogos
disputando até ao cair da noite com uma bola nem sempre esférica pelo
excesso de uso, encontros com números extravagante de golos nos
resultados finais. E alguns confrontos físicos, porque a amizade nem
sempre apazigua a febre da disputa.
Passei por lá há poucos dias por curiosidade adiada e do antigo Largo do Arquinho que conheci só mesmo uma placa a autenticar a localização. Erva (relva) aparada em todo o espaço, bancos em pedra alinhados lateralmente e algumas árvores em formação, espaçadas, a ponte antiga sobre o caudal moderado do regato e moradias brancas no lado nascente a testemunhar a diferença ambiental com o passado já distante.
Um assomar de nostalgia ao deixar o local não perturbou a aprazível sensação da quietude silenciosa que advém do novo Arquinho, onde se respira saúde e a vida decorre plena de paz.
Remígio Costa
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