CONFLITO ENTRE O MELRO AFLITO
E O GATO PIROLITO
Não
há meio de pôr fim
Ao
emergente conflito
Que
ocorre num jardim
Entre
um melro que é músico
E
um gato que é pirolito.
O
melro faz dum galho coreto,
E
encoberto pela folhagem
Usando
o seu fraque preto
De
maestro com linhagem,
Dá
música a toda a hora
A
solo ou em dueto.
Então,
o pirolito insinua-se, dengão,
Tal
polícia na ronda do giro,
Pousando,
macias, uma a uma, no chão
As
patinhas, vagueando desapressado.
E,
fingindo-se alheado,
O
maganão,
A
esmo se enrola espreguiçando-se mandrião.
Mas
o melro é melro acautelado,
Tem
o instinto pronto e afilado
E
conhece pirolitos de ginjeira;
Logo
se põe em guarda, perfilado,
Saltando,
veloz, pelos galhos da cerejeira.
Trocou,
agora, de pauta e apressa o ritmo da valsa
Assobiando
um som estridente, martelado:
-Tchin, tchin,
tchintchin, tchin, a nota bem alta
De
prenúncio de desgraça.
O
coitado,
Está
(muito) atarantado.
Tudo
faz o melro, aflito,
Para
afastar para bem longe
O
astuto e manhoso pirolito,
Porque,
Bem
perto dali esconde,
No
ninho sob a asa da melra consorte,
O
seu neófito melrinho
Correndo
risco de morte.
Mas,
o gato pirolito,
Sempre
com modo de enfadado
Vai
ronronar para outro sítio
Fica
o melro sossegado.
E,
por agora, está o conflito sanado!
2020/junho.
foto:
doLethes
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