sábado, 19 de novembro de 2016

RUIU A CASA DA PRAÇA



            


        A PRAÇA PERDEU A GRAÇA

Ruiu a casa da graça
A praça ficou mais pobre.
Agora, quem por lá passa
Olha, e nada descobre.

Por cima do casario,
Rajada de vento agreste,
Do cheio tornou vazio
A casa desaparece.

Faz uma ausência de mágoa
Que precede a despedida
Que o coração abafa
Sem diluir a ferida.

Sem régua e sem esquiço,
Ou saberes de geometria,
Faz a abelha um cortiço
Obra de engenharia

No desatino do tempo
Voraz, avassalador,
Desfez-se a ara do templo
Ruindo no chão com fragor.


Os aviões vão e vêm
A riscar traços no céu;
Voam nas asas que têm
As penas guardo-as eu.

Há na primavera encanto
Por trazer de volta as cores,
E aos ramos verdes o canto
Das aves, nossos amores.

Quebrou na praça o encanto,
Já não tem graça que sobre.
Resta a poesia em pranto
Nada há que a console.



Remígio Costa, 2016/Novembro



1 comentário:

  1. No desatino do tempo!!! Ai o tempo esse relógio inflexível...que manda...grita...controla e marca o fim do caminho. O tempo!!!

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