Sardão
Aproveitando a tarde soalheira que o dia de hoje nos concedeu fui para a margem do Lima onde me estou a habitar a compensar a cada vez maior ausência de um ambiente motivador e atrativo que me faça sentir bem no Centro Cívico, lendo uns momentos ou deixando-me apenas estar ali a limpar os maus e a estimular os bons pensamentos ao mesmo tempo que, sem preferência de escolha e livremente, posso observar a vida natural que acontece a cada momento naquele espaço onde o Lima pauta a música ao ritmo do tempo que passa.
Um súbito movimento e a percepção de um vulto a esconder-se num buraco entre duas pedras do muro com que em tempos se pretendeu travar a erosão do rio, trouxe-me à lembrança o sardão que ali habita pelo menos há dois anos. Não tive dúvida de que aumentou de tamanho e tem uma cabeça bem adulta. Afastei-me alguns passos da entrada de toca, certo de que ele voltaria quando se sentisse seguro de que o poderia fazer em segurança para se estender no cimo da pedra aquecida pelo sol, já com a objetiva pronta para o surpreender e caçá-lo para o retrato. Dito e feito, lá apareceu de novo, cabeça bem levantada, precavido e, sentindo-se seguro, nem deu por mim..
A surpresa foi minha quando exportei as fotografias para o computador. É que não se tratava de um mas de três especimen lacerta lepida, o comum sardão que ali tem o seu habit, como outros porque costumam ver-se mais nesta zona, não sabendo se é a totalidade de uma colónia ou se outros continuam dentro da caverna a hibernação típica da raça.
É a primavera a chegar.
Fotos: doLethes
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