POETAR EM DIA DE PÁSCOA
O dia amanhece cedo.
Acorda o silêncio ao som do sino.
Dá o melro início entre o fresco arvoredo
Ao seu mavioso concerto de violino.
Foguetes
estralejam no ar
Com o Compasso a sair:
O prior a comandar,
O mordomo logo a seguir.
O rapaz da campainha, de capinha e gravatinha,
Mais a moça da bolsinha para o óvulo recolher,
Trocam sorrisos,
contentes,
A imaginar os presentes
Que lhes vão oferecer.
À porta das moradias aguardam,
Expectantes e muito falantes
Parentes, amigos e outros tais;
E, quando chega o Compasso,
Depois dos cumprimentos formais
Osculam com um beijo baço
A Cruz que trás o abraço
De Paz e Amores celestiais.
Desanuvia o champanhe espumoso
com o salto vivo da rolha, num estouro;
serve-se com o pão-de-ló, fofo e saboroso,
tostadinho e lindo como ouro.
Já o dia se apressa a poente
Deixando a festa a aboborar
Na alma do povo que a sente
E deseja assim
perpetuar.
Páscoa, Abril 2014.
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