Engrossam as nuvens de chumbo a cobrir o céu de Lanheses formando uma cúpula cinzenta que cobre o vale do Lima apoiada nas montanhas graníticas a norte e a sul que o definem, e, os primeiros pingos, começam a cair a confirmar a previsão da chuva que a meteorologia anunciara para chegar no dia de hoje. Sexta-feira da Paixão é tempo de recolhimento e meditação espiritual para os cristãos católicos, como preparação para a Ressurreição na Páscoa redentora. É o "tempo da Quaresma" na expressão singela do dizer popular onde a luz exterior se recolhe e o ambiente acinzenta, como que querendo ser a própria Natureza a recriar e comungar do sacrifício na Cruz do Filho de Deus, há milénios atrás.
A Poente, há, de novo, as nuvens. Chuva, precisa-se
No Largo Capitão Gaspar de Castro, o bulício nesta altura da tarde, não é muito diferente da rotina dos dias anteriores. Nos estabelecimentos, o movimento de clientes é razoável sendo mais notado nos cafés e pastelarias, mas também nos talhos, com o afã da procura das provisões para as necessidades da Páscoa. Estão encerrados os Bancos (funcionam apenas os ATM) e a Estação do Correio, uma prerrogativa legal que, ao que parece, será das poucas a manter no futuro. Algumas viaturas com matrículas francesas denunciam a vinda de lanhesenses do estrangeiro para a festa pascal e vão circulando por ali à compita com os carros de chapa portuguesa à procura de um lugar para estacionar, com a patrulha móvel da GNR a vigiar por perto, não vá algumas delas pisar o risco...
Pára tudo?
Amanhã será a Aleluia, véspera da visita pascal às famílias que a desejam. Ainda este ano se manterá a tradição de muitas gerações que nos antecederam em salvaguarda da identidade e dos princípios que nos foram legados e que temos o dever de transmitir aos vindouros.
Sul carregado.
Plantas ávidas não vivem sem água.
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