Está reduzido agora a um pedaço do tronco do arbusto enorme que foi, restando-lhe contudo um braço corroído e esburacado a desfazer-se, que sustenta na ponta um ramo farto com folhas verdes a roçar o chão, onde floresceram meia dúzia de belas flores rosadas. É o mesmo rododendro de que há anos a esta parte tenho vindo a acompanhar, porque me espanta e encanta a resiliência com que ultrapassa o tempo da idade diacrónica criando vida, configurada em verdes folhas e lindas flores através do sémen que, espantosamente, ainda corre no esquelético e desfigurado tronco.
Não posso calcular os anos desde que foi plantado e cresceu à sombra de uma japoneira gigante no jardim particular da Casa dos Condes d'Almada, (TH), bem perto do pelourinho que é símbolo da antiga Vila Nova de Lanhezes criada no ano de 1793, mas não me surpreenderia saber que a idade do vetusto exemplar reporta, pelo menos, ao século XIX, tal foi a dimensão que a copa do arbusto atingiu e o volume avantajado do que agora resta do tronco que a suportou.
Quando, pela primeira vez, tomei conhecimento da existência do rododendro, avisado pelo meu conterrâneo e amigo João Castro e Silva, um dos seus braços estendia-se para fora do muro do jardim entre os ramos da japoneira, chegando ao meio da estrada municipal 202 que atravessa a freguesia. Nessa altura, as suas lindas flores eram mais abundantes e ressaltavam facilmente à vista de quem por ali passava, como era habitual com o João no percurso de casa para o seu escritório no Largo da Feira.
Nas fotos inseridas veem-se duas bolas vermelhas, de plástico, provavelmente ali colocadas para enfeite.
Fotos: doLethes
Remígio Costa
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