Os anos não contam para as senhoras donas Mercedes: quantos mais somam, mais belas ficam. Escovadinhas, retocadinhas ao pormenor e sem negas do motor de arranque, não engordam, não ganham rugas, variam com pinturas do arco iris a cor original, e não se fazem rogadas quando convidadas a sair para uma bela passeata, seguras nas mãos de condutor impante de charme e pródigo em atenções.
Era sábado, à tarde, dei com elas silenciosamente alinhadas, frente a frente, em duas filas na pátio interior do histórico solar da Casa dos Condes de Almada (TH), em Lanheses, conferindo ao recinto uma visão harmoniosa da conjugação estética das máquinas rolantes e a austeridade senhorial do vetusto solar.
Soube que os ocupantes das famosas damas da acreditada patente alemã Mercedes estavam ali reunidos para um almoço de confraternização entre amigos, e que o titular da Casa, D. Lourenço d'Almada, os recebia com a cortesia e disponibilidade que o caraterizam.
Fotos: doLethes
Remígio Costa
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