domingo, 23 de agosto de 2015

VERSEJAR POR ENTRE OS PINGOS DA CHUVA.




Andava o povo animado
E de calor assolapado
Que ninguém se lembraria
Que nas Festas d'Agonia
Mesmo que não fosse esperado
Quando "Deus  queria chovia".
E vai que o domingo apareceu
E a cidade despertou
Sem que se visse no céu
O sol que que nunca faltou
Na época da boa uva
E lá foram todos à pressa
À procura do chapéu
P'ra não molhar a cabeça.
Mas os mais desprevenidos,
Porque ainda estão convencidos
De que a chuva é passageira,
Encostam-se a qualquer beira
Pasmados e à espreita
Que ainda que ligeira
Se faça uma pausa p'ra tréguas
Que lhes permita porem-se a léguas
Livre dos pingos da chuva.
Nem clamando a S. Pedro
Que das águas é chefe supremo
E das comportas tem a chave
Pois a ele nada o perturba
Por ser grande potestade.
Mantendo-se firme e sereno
Diz-lhes com bonomia 
Para irem "dar uma curva"
Porque tinha mais que fazer.
Demais, era o que faltaria
Conceder tal mordomia
Por tão simples ninharia:
Mandar parar de chover
Só porque suas senhorias
De sede muito sofriam
Não da água, que sobeja,
Mas da lourinha cerveja
e ir à taberna não podiam.





 2015.08.23













 


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